Quem tem medo do Anão Gigante?

Hello, Friends!!

 

Hoje é um dia especial porque há muito tempo não postava algo MEU de verdade! Estava com saudades! Vamos ver então como eu me saio. 😉

 

O Anão Gigante

dwarf

Vamos começar usando nossa imaginação. Imagine que você é um guerreiro ou guerreira do estilo She-Ra ou He-Man. Forte, poderoso, com uma espada gigante e você vai enfrentar um inimigo mortal. Outro guerreiro. Você vê distante ele vindo e você empunha sua espada acima de sua cabeça e conforme ele chega perto você percebe que apesar dele também estar armado com um machado e ter o corpo musculoso (deve ser Paleo) ele tem 65cm de altura. Um anão ou metade de um anão…Maaas com um machado afiado e vindo te atacar pra te matar. Com essa cena em mente você ergue a espada e com toda força acerta o inimigo dividindo ele em dois.

Mudando um pouco o cenário e numa outra possibilidade desta mesma situação você vê o inimigo chegando e percebe que ele é um gigante de 7 metros de altura! E o pior é que com uma espada condizente com seu tamanho. Gigante e afiada. Conforme ele se aproxima você o reconhece. É um inimigo que sempre te destrói. Você já havia tentado diversas vezes vencê-lo e toda vez tomou uma surra. Você abaixa a espada procurando um escudo, uma outra estratégia, mal tenta acertá-lo porque tem medo (e na sua cabeça mega justificável) e tenta e consegue dar uma espadada fraca com suas mãos trêmu-las que mal faz cócegas e ele te mata com um golpe certeiro e sua cabeça rola..De novo. Mas faz sentido, certo?? 

 

david-and-goliathO que tem de diferente entre as duas histórias? Qual a diferença principal nas duas cenas? Errou. Não é o tamanho do inimigo. Não é se você já perdeu dele outras vezes. Não é se ele é forte ou fraco. Porque tudo isso não poderia influênciar na SUA postura como Guerreiro ou como alguém que vai enfrentar uma batalha. Importa se ele é maior, menor, fraco forte, bem treinado, mal treinado, com poderes mágicos? Um lutador que está apanhando deve parar a luta no meio e falar “desisto” antes da luta acabar? Já viu isso acontecer? Uma seleção de futebol quando toma o sétimo gol e só marcou um deve abandonar tudo e ir embora do campo antes do jogo acabar? Vc acabou de responder que “não” sendo que eu dei exemplos de surras reais e na história que você era o Guerreiro você já havia perdido a batalha na sua cabeça antes mesmo de tomar um único golpe do gigante. Você já entrou derrotado. Não lutou.

 

O elefante forte, mas fraco

 

elefanteNas épocas de animais em circo um homem passou e viu um elefante de 4 toneladas amarrado pela perna com uma corda fina para seu tamanho em uma árvorezinha quase tão fina como a corda. Intrigado com o fato ele perguntou ao funcionário do circo:

  • Como um animal tão forte como o elefante fica preso em uma corda que ele arrebentaria facilmente e a uma árvore que se ele quisesse ele derrubaria ainda mais fácil? Qual é a mágica?
  • O funcionário explicou: Quando ele é pequeno, nós o amarramos com uma corda forte a uma árvore grande e, como ele ainda era fraco comparado a um elefante adulto, ele tentava, tentava e nunca conseguia escapar. Até que ele desiste. A partir daquele momento, poderiamos colocar qualquer corda fina em seus pés e por mais forte que ele se tornasse depois de adulto ele não conseguiria se soltar. Ele ficou fraco em sua cabeça e a corda ficou invencível.

 

O vício em Crack

sugar_addiction576Dr Drauzio Varella falando no vício do Crack para o fantástico em que compara com cigarro, ele fala que a dependência física do Crack se quebra em poucos dias de abstinência. Que se o drogado é preso e fica sem a droga, ele passa uns 3 dias meio agitado e já se livrou da dependência física. Mas porquê não vence esse vício quando está nas ruas? Por que se não é mais viciado, quando volta as ruas também volta ao vício?

ps: Você percebeu que a droga na foto não é Crack, né?

 

Rato, Heroína e Gaiola

rat

Assisti uns videos muito legais no youtube com uma visão diferente sobre drogas e vício. Um experimento muito conhecido é aquele feito no começo do século passado em que colocando um rato numa gaiola sozinho e dando a ele duas garrafas, uma com água e outra com droga e água (Heroína ou Cocaína) o rato sempre escolhia a água com droga e bebia até se matar toda vez que o experimento era feito. A conclusão sempre foi que a droga era extremamente viciante e o que causa vício, é a própria droga, claro. Até que nos anos 70 um professor de psicologia e pesquisador chamado Bruce Alexander desconfiou de algo. Ele percebeu que as pessoas que eram hospitalizadas para alguma cirurgia, tomavam muita morfina, o que é uma forma ainda mais pura e mais forte de heroína porque não era diluída pelos traficantes e as pessoas nunca se viciam realmente em heroína após o tratamento quando voltam pra casa. Ele então construiu uma gaiola muito grande que era o “Parque de diversão dos Ratos”. ratparkLá tinha brinquedos, vários outros ratos para socializar, brincar, transar, comida a vontade etc (gostaria de deixar claro que nunca transei num parque de diversão). Haviam as duas mesmas opções. Uma garrafa com droga outra com água. Só que desta vez a garrada com drogas quase nunca era usada e teve zero casos de uso compulsivo ou overdose. Para reafirmar ele pegou um rato que estava sozinho em uma gaiola por 57 dias totalmente com a dependência física da droga e colocando no “Parque de diversão para ratos” ele simplesmente largou o vício. Ainda teve experimento observacional com humanos neste período. Na época da Guerra do Vietnã, cerca de 20% dos soldados americanos estavam viciados em Heroína e os EUA estavam desesperados que quando esses milhares de soldados voltassem da guerra, formariam uma legião de drogados vagando pelas ruas. O que aconteceu foi que 95% dos que voltaram, assim que se integraram as suas famílias e amigos largaram o vício. E que viver numa guerra que você não gostaria de estar, no meio do mato, afastado de todos com medo de morrer e tendo que matar, é uma verdadeira Gaiola de rato e se drogar até parece uma ótima opção nesse cenário, para muitos soldados. Precisamos nos conectar em relacionamentos saudáveis com as pessoas, o isolamento ou falta de conexão nos leva as drogas, vícios e compulsões e não a droga nos leva as drogas. E como drogas o video menciona, gastar, pornografia, internet, jogo, vício em celular etc. O video também conclui sobre a forma que tratamos quem tem problema com vícios, que é o contrário do que precisam. Isolamos ainda mais, temos preconceitos, não damos oportunidade e colocamos na prisão, o que é uma gaiola literal. Mas tudo isso explica o porquê o viciado em Crack do exemplo anterior, mesmo sem o vício físico, quando cai nas ruas volta para as drogas. Estamos numa luta contra as drogas em si, mas não são elas o ponto principal. Fazer as pessoas se sentirem queridas, cuidadas e conectadas para não quererm drogas deveria ser o ponto principal.

 

Vamos juntar tudo então?

SheRa-e-HeMan Muitas pessoas que se entendem como compulsivas, viciadas em açúcar, em comida, travam uma batalha épica em suas cabeças diariamente. Para muitos e principalmente os que estão de fora e não entendem como essa mecânica funciona, fica uma coisa até bizarra como é difícil para alguns mudar a forma de se alimentar. Da mesma forma, quem não tem outros vícios não tradicionais como videogame, jogo, compras e até celular conforme eu mencionei acima, tentamos ligar essas coisas como um simples desvio de caráter e coisa de gente fraca. Tendemos a “aceitar” mais os vícios mais tradicionais como cigarro, álcool e drogas como cocaína e crack. Claro que tem o poder viciante de cada droga. Claro que tem a individualidade de cada um, cada genética e cada predisposição até emocional como já falei muito no blog. Mas no fundo a mecânica é a mesma. Temos o vício físico e açúcar vicia assim como cocaína e essa altura do campeonato você já sabe disso. Maaas com comida é pior. O meio ambiente não ajuda. Somos motivados e incentivados a todo momento a continuar comendo o que queremos evitar. Quer ser Paleo? Quer ser saudável, magro, com a autoestima lá em cima? Ótimo! Mas vai ter que fazer isso num mundo com outdoors do Pizza Hut, padaria que você para pra tomar cafezinho com vitrine de doces, comerciais que se utilizam de todos os “gatilhos mentais” de persuasão de marketing pra você comer bolacha recheada Oreo, sua amiga indo no restaurante Paris 6 em São Paulo tirando foto do Gran Gateau de sobremesa e postando no instagram etc. Aceite isso e vamos pra guerra! Um dia alguém parou de fumar porque decidiu que faz mal enquanto décadas atrás era cool fumar. Se fumava nos aviões, no cinema, no elevador, os atores fumavam nos filmes etc. Mas essa guerra fica fácil com o tempo. O problema é a batalha diária inicial com a compulsão, o vício, o hábito. E temos que vencê-la pra seguir em frente. Mas esse vício é como o crack. Forte e te pega de jeito e corta sua cabeça. Mas não é o gigante na história. Você não o vê, só sente sua espadada, sente seu medo por ele. A compulsão é um vício real mas que não tem forma. Está na sua cabeça e você pensa que é gigante mas na verdade é anão. E por você ter esse medo, por uma longa história de derrotas, por tentar fazer dietas que aumentavam a compulsão, por “se permitir” comer de vez em quando os alimentos que transformam o anão em gigante em vez de decidir “Parar de gostar do que te faz mal”, você nunca o  enfrenta de vez e com toda a sua força por estar num paradigma. O paradigma de que não tem jeito, é fraco e o gigante vai sempre ganhar. Mas você é poderoso como o elefante com o pé amarrado no graveto mas só que esqueceu disso. A compulsão é forte mas fraca ao mesmo tempo como o Crack. O anão é forte mas o elefante destrói numa pisada. Comece a montar agora essa nova história na sua cabeça, com estratégias que estão repletas aqui no sendopaleo.com, no meu livro,na minha palestra (falo muito de estratégias no meu último podcast). Mas faça tudo com uma certeza: VOCÊ É MAIS FORTE SIM!

Mas fazer tudo isso tendo uma força contrária que nos leva ao vício acaba sendo improdutivo e mais difícil. Temos que sair da gaiola e levar uma vida que a comida não seja substituto de nosso melhor amigo. Não pode ser nossa companheira de vida que nos conforta e entende. Em inglês chamam exatamente assim “confort food” e não é por acaso. Precisamos ter conexões saudáveis com pessoas mesmo que queiramos fazer o contrário. Primeiro eu emagreço e depois eu vou fazer amigos, ter namorados e ser feliz. Não! Matricule-se já na academia de Dança de Salão, faça aulas de graça no Sesc, trabalhe de voluntário numa instituição, comece a estudar um novo idioma. Isso vai ajudar!

O pior e muito comum é que em muitos casos nos  sentimos sozinhos em uma gaiola na nossa vida mesmo rodeados de pessoas. As vezes no meio da nossa família que não nos apoiam ou não nos aceitam por algum motivo, com a própria esposa ou marido em um casamento infeliz com  conflitos, desrespeitos e abusos, em nosso emprego que vamos todos os dias como se estivéssemos indo pra forca com extrema competitividade e falsidade etc E se estamos em uma dessas situações, a nossa querida heroína feita de açúcar parece até ser uma opção aceitável mesmo que seja triste. Mas em todos esses casos tem uma informação importante que as vezes nós esquecemos e temos que ter em mente… A porta da gaiola está destrancada.

Abraço,

Teco

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Categorias: Artigos,Coaching e Comportamento

9s Comentários

  1. Eu conheço esse estudo dos ratos e foi até citado pelo meu supervisor de estágio, referindo ao nosso trabalho com dependentes químicos numa clínica de reabilitação. E adivinha qual é nosso trabalho lá? Treino de Habilidades Sociais. Algo que poderia ser feito com qualquer grupo de pessoas… Foi mto bem empregada a citação desse estudo nesse artigo, Teco, tem tudo a ver mesmo. Parabéns!

    • Coach Teco Mendes

      Que legal! Mas é incrível como ainda tratam o vício de forma errada não é mesmo? Beijo

  2. Maravilhoso texto! Esse pra mim foi o TOP de todos os seus textos q já li! Obrigada pelas ótimas palavras e por ajudar todo mundo! E por me ajudar tanto! Bjs

  3. Nossa… há um mês havia desistido de tentar. Esse texto veio na hora certa:)

  4. Esse texto fez tanto sentido pra mim. Nunca havia pensado por essa perspectiva. Muito bom! Realmente ficamos sucetíveis a recaídas quando nos isolamos.

  5. Gostei muito do texto!
    Atualmente (faz umas 3 semanas) eu voltei a usar a comida como uma opção mais “feliz” de vida, já que estou muito incomodada com algumas situações de governo, e que afeta meu serviço pq sou funcionária pública, assim como meu marido tb. Então eu como como e sei que é emocional. O texto caiu como uma luva. Se vc não consegue mudar um ponto em especial, mude sua rotina, sua vida, tenha estratégias. Percebo que o açúcar tem sido meu grande amigo ultimamente, mas depois vem aquela tristeza já esperada qd vc visualiza que a comida não mudou nada na sua vida real.

    Hora de mudanças. Obrigada!

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